Dois dias depois de ser expulso na partida contra a Costa do Marfim, Kaká apareceu sorridente para dar entrevista coletiva no golfe clube anexo ao QG da Seleção em Joannesburgo - onde mais de 300 jornalistas o esperavam.
Diferentemente dos dias anteriores, quando os jogadores vieram em duplas para "enfrentar" o microfone, Kaká apareceu sozinho, e com 40 minutos de atraso - um problema durante o almoço dos jogadores teria sido o motivo.
Respostas curtas e sorridentes antecederam a pergunta do jornalista André Kfouri, da ESPN Brasil. Kaká mudou. Usou a pergunta para demonstrar sua irritação com a notícia divulgada pelo pai daquele jornalista, Juca Kfouri - cujas fontes médicas garantiram, segundo publicou em sua coluna da "Folha de S. Paulo", ter Kaká a mesma contusão que antecipou a aposentadoria do ex-tenista Guga.
Kaká mudou a expressão e mandou seu recado:
"Há algum tempo os canhões do seu pai são disparados contra mim. A artilharia dele está voltada contra mim. Eu queria aproveitar a pergunta para responder às críticas que ele vem fazendo, e o que me deixa triste é que o problema dele comigo não é profissional, mas porque ele não aceita minha religião. Porque eu sou uma pessoa que segue Jesus Cristo. Eu o respeito como ateu, e gostaria que ele me respeitasse como [seguidor de] Jesus Cristo, como alguém que professa a fé em Jesus Cristo. Não só a mim, mas a todos os milhões de brasileiros que acreditam em Jesus Cristo.”
O Kaká "bom moço" também foi firme para responder sobre a terceira expulsão de sua carreira.
Perguntado por essa que vos escreve sobre os "nervos" alterados na partida contra a Costa do Marfim de alguns dos jogadores da Seleção Brasileira, emendou: "Não somos violentos, mas nao temos sangue de barata. Quando o jogo obriga divididas mais duras, estamos prontos."
Assunto proibido? Quando pedi que contasse sobre a repercussão dentro da concentração do imbróglio entre Dunga e Alex Escobar, da Globo: "Prefiro não comentar."
E não comentou.
Mas sobre a possibilidade de ser operado após a Copa, em nova pergunta sobre o seu problema no púbis (que não foi ósseo, mas muscular) tergiversou: "Muitos médicos não recomendam. Vamos ver isso depois."
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Para entender o caso:
Em sua coluna na "Folha de S. Paulo", Juca Kfouri escreveu na última segunda-feira: "Kaká desmentirá, assim como o médico da seleção brasileira. Mas o fato é que ele está sofrendo para jogar esta Copa do Mundo e pode, como Guga, até encerrar sua bela trajetória no futebol muito mais rapidamente do que gostaria. O mesmo problema que o maior tenista brasileiro de todos os tempos enfrentou no quadril Kaká enfrenta no púbis, segundo confidências de médico para médico que chegaram ao conhecimento da coluna horas antes de o Brasil enfrentar a Costa do Marfim."